Votar é um exercício de cidadania, uma atividade na qual o voto do mais rico cidadão brasileiro tem o mesmo valor que o do mais pobre. Todos sabem as regras do processo eleitoral e ninguém se elege antes dos votos serem computados. As pesquisas são um indicativo do momento, mas estão longe de serem definitivas. O que decide é o voto na urna, ou seja, aquele digitado no próximo dia 7 de outubro. É assim, de forma direta e objetiva. É assim, democraticamente, apesar de algumas distorções no sistema político brasileiro. A campanha eleitoral para a presidência da República tem sido turbulenta e cheia de ataques e contra-ataques vindos de praticamente todos os lados.
Numa disputa que vale o poder, anjos não existem. Lamentavelmente, nossa tradição é mais de desconstruir os candidatos e suas propostas a analisar, sem paixões, aqueles que são competentes, corretos, sérios e podem, efetivamente, fazer um bom trabalho no Executivo e no Legislativo para o bem-estar da população. Fala-se muito em mudança, mas os indicativos não são animadores, principalmente para o Legislativo. E não sou daqueles que acham que todos não prestam e devem sair de cena. Pelo contrário, temos candidatos com boas contribuições no parlamento e que buscam a reeleição. Mas temos, também, outros nomes qualificados - lembro dos candidatos de Santa Maria e da região - e em condições para atuar na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. Basta, ao eleitor, analisar com atenção o histórico de cada um, escolher e votar. O eleitor não deve deixar que as pesquisas eleitorais, grupos, entidades e outras pessoas escolham por ele.
Cada um sabe as angústias e as dificuldades que enfrenta no dia a dia da vida. A geração de emprego e mais investimentos na saúde, na educação, na segurança, na moradia e na infraestrutura dependem e passam, sim, pela decisão de governos e parlamentares. As administrações públicas são eleitas pelo voto popular em nível federal e estadual, no pleito deste ano, bem como os representantes legislativos. Ficar omisso a esse processo não contribui em nada com o presente e o futuro do Rio Grande do Sul e do Brasil. O momento pede coragem e compromisso. Não é no grito, no ódio, na violência, no preconceito e no culto às armas, por exemplo, que a situação do país vai mudar para melhor. Isso não tem nada de democracia. Isso é incentivo à barbárie, selvageria, crueldade, incivilidade e atrocidade.
Nenhum país avança com agressividade e pregações desumanas. Urge respeitarmos os fundamentais valores conquistados no campo da ética e do direito, da ciência, da democracia e da própria organização social. Pelo voto democrático, em 7 de outubro, é possível substituir corruptos e incompetentes. Faça valer o voto de confiança e crença nos seus candidatos, para não se arrepender pelos próximos quatro anos. Somos responsáveis pelas nossas escolhas. Winston Churchill dizia que "ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos".
Evidente que a democracia precisa ser aperfeiçoada e cada vez mais participativa, com ênfase no diálogo e na busca da justiça social. "Aventuras totalitárias, seja de direita ou de esquerda, levam à desventura da opressão e a mais sofrimento para o povo", destaca o cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).